A fé que liberta é a mesma que aprisiona

O ser humano tem uma necessidade inerente de crença e fé, como forma de materializar essa necessidade surgem os templos, as igrejas e as religiões. Hoje a diversidade religiosa é tão grande, que em alguns casos, chega ao extremo da banalização, o que se ver por aí são igrejas que se utilizam do poder de convencimento para inculcar suas ideologias e em muitos casos manipular através da fé seus fies.

É importante ressaltar que existem igrejas e IGREJAS, algumas, que não são a maioria, realmente cumprem seu papel de zelar pela necessidade do homem de ter uma religião, mas há outras que usam essa inerência como meio de alavancar a vida financeira de seus dirigentes e não é raro encontrar templos que são verdadeiras empresas, fábricas de produzir dinheiro às custas do poder da fé.

Aqui em Tarauacá, temos igrejas que se encontram tanto no primeiro quanto no segundo caso, há tempos venho examinando a condição da Igreja Assembleia de Deus, conheço um pouco da sua trajetória de criação e de sua ideologia, uma instituição que assume uma postura austera, que preza pela moral e bons costumes, que orienta a responsabilidade e o compromisso com a família, com fies bem vestido, onde homens trajam vestes sociais e mulheres se apresentam com roupas discretas, as quais cobrem a maior parte de seus corpos. Até ai tudo bem, é uma questão de valores ideológicos, mas não compreendo como um templo que prega todos esses valores se apresenta de forma tão contraditória.

Explico:

Um líder religioso que realmente preza a moralidade não pode se manifestar de forma tão contundente na política partidária e usar os pilares da igreja para fazer "pregações" direcionadas, um verdadeiro líder deve ser imparcial, justo e conduzir seu rebanho pelo caminho dos ensinamentos de Deus. Um pastor não pode usar do lugar que está ocupando para induzir as pessoas a votarem em quer que seja. Se quer fazer campanhas políticas ou se quer candidatar-se é um direito seu, mas antes deve afastar-se de suas funções religiosas para poder exercer com ética e transparência seu direito de cidadão, uma coisa não invalida a outra, mas se as duas caminham juntas ai fica difícil manter a credibilidade diante da sociedade.

A situação se agrava quando um arrebanhador se utiliza de sua condição para manipular seus seguidores, se agrava mais quando essa manipulação é dirigida a persuadir os fies a votarem em determinado candidato e se agrava mais ainda quando esse candidato não é nenhum primor de caráter. O que venho vendo e já faz algum tempo, são alguns fiéis que ao invés de obreiros se transformam em verdadeiros cabos eleitorais, se utilizando do nome e dos ensinamentos de Deus como trampolim para causas partidárias e de alguma forma obter certos benefícios.

Nesse caso específico, estou falando de alguns pastores da Igreja Assembleia de Deus em Tarauacá e do “fiel” e vereador Roberto Freire, na minha modesta avaliação uma pessoa que tem a incumbência de conduzir um grupo religioso e no momento da pregação pergunta aos fies se eles querem ouvir o presidente da câmara ou vice o prefeito, se referindo a Roberto CBT, esse pastor já disse a que veio e qual papel pretende desempenhar nessas próximas eleições, aliás essa Igreja já foi palco de grandes disputas políticas, não podemos esquecer da briga interna envolvendo o dito vereador e o postulante Júnior Feitosa (Bocão).

Ambos sabendo do poder manipulador que se pode imputar a uma igreja desse porte, travaram uma batalha, que de silenciosa não tinha nada, para ver quem era o merecedor das bênçãos do pastor, isso porque na mesma proporção que a fé liberta ela também aprisiona, já está provado pela ciência que a fé fortalece o sistema imunológico das pessoas e por isso cura até doenças, mas o contrário é verdadeiro porque a mesma fé pode tornar reféns àqueles que se deixam conduzir por ensinamentos tendenciosos.

No entanto não podemos esquecer que existem muitos dignos de respeito pela postura que vem adotando durante muitos anos, como exemplo posso citar o senhor Teodoro, João (da antiga máquina de arroz), Abraão carpinteiro, entre outros tantos, mas mesmo esses não estão livres de serem guiados por um líder capcioso que visa interesses duvidosos.

Nesse sentido é importante deixar um alerta: é primordial que durante o período eleitoral o fiel não se sobreponha em detrimento do cidadão, vivemos um momento de instabilidade política e não podemos cometer o erro de deixar que quem quer que seja nos diga o que devemos fazer ou o que é melhor para nós, devemos sim avaliar, examinar, observar, discorrer sobre o assunto e só depois decidir o nosso voto, livres de quaisquer influencia, principalmente a religiosa.

“Boni pastori est tondere pecus, non deglure”